Com namorada, emprego bacana e amigos, o que mais Dov
poderia querer? Um carrão e mais nada, não é mesmo? O que ele não sabia é que
sorte de rookie dura pouco e que estaria prestes a levar outro golpe em sua
moral, sempre abalada quando começa a ganhar um pouco mais de confiança. Dov é,
por assim dizer, o azarão da delegacia. Tudo sempre dá errado com ele e, por
isso mesmo, dava para prever que algo aconteceria, transformando-o no foco
dessa semana que, mais uma vez, foi muito boa.
Rookie Blue, até agora, apresentou três episódios ótimos de
assistir, com histórias envolventes, que começam a mostrar melhor o que se
passa com os personagens secundários. Não me levem a mal, porque gosto quando
vemos Sam e Andy, mas com tantos policiais na série, é bom variar e ver novos
dramas.
Esse arco recente, com Dov e Traci no vortex principal, tem
jeito de que será bacana de acompanhar, até porque, especialmente Traci, está
num subdesenvolvimento crítico, desde a 1ª temporada. Finalmente ela vai sair dessa história de mãe
policial e vai ter outro objetivo na série. Por esse episódio e pelo preview do
próximo fica claro que a entrada dela para a equipe de detetives será cheia de
surpresas e dificuldades.
O modo como tudo foi integrado nesse episódio foi a melhor
parte. Enquanto as equipes ficavam de olho num jogo de basquete de rua que
poderia acabar em briga de gangues, Dov acabou criando uma tênue zona de tensão
no bairro, mesmo sem querer. Automaticamente, Traci e Andy começam a busca
incessante por uma justificativa para a atitude de Dov durante o tiroteio. Não
fosse por elas, ele poderia perder o trabalho de que tanto gosta, num piscar de
olhos.
Fica evidente também, que nos Estados Unidos, um policial
deve pensar duas vezes antes de atirar. Não sei se o procedimento padrão é
mesmo esse (mas deve ser) e levo em conta aí a corrupção do sistema, mas por
tudo o que rolou, parece que é melhor ser bandido do que policial. Enquanto o
membro da gangue agradecia por sua rápida condicional e tempo bastante
encurtado em sua pena, Dov era tratado como criminoso e interrogado como
racista.
Lógico que há casos desse tipo, aliás, sabemos bem que
violência policial e preconceito são uma realidade e o episódio discute
exatamente isso. Naquele bairro e naquela situação, a polícia estava em
desvantagem. As pessoas confiam mais nas gangues do que nas autoridades e uso
excessivo de força, em muitos casos é um dos motivos desse problema.
Em Rookie Blue ficou até parecendo que seria fácil resolver,
com colegas determinadas a provar a inocência de Dov e até uma espécie de
cooperação entre polícia e as gangues, mas isso é apenas ficção. Na vida real
esse caso teria acabado de forma muito mais cruel e violenta, certamente.
De qualquer forma, o legal foi ver o andamento da
investigação e o modo como Traci agiu, seguindo instintos e duvidando até de
quando a mandavam duvidar. Jerry é uma pessoa prática e teria abandona tudo
muito antes. O conhecimento que Traci tem da personalidade de Dov foi
determinante.
No caso das gangues, foi bom ver Frank em ação e Noelle
aprendendo que ficar fazendo trabalho burocrático não é uma penalidade, é uma
vantagem nesse momento. Bem que semana passada comentei que só faltava essa
doida perder o bebê durante o trabalho, por pura teimosia. Parece que estava
prevendo que tocariam no assunto.
Agora que mais personagens estão ganhando destaque, espero
que Chris também tenha seu momento e que, por favor, expliquem o comportamento
bipolar de Gail. Ela tinha conseguido se transformar em algo além de uma chata
na temporada passada, mas parece que retrocederam. As caras de “não fui eu quem
peidou” que ela faz estão cada dia mais insuportáveis e não entendo como Nick
ainda atura esse show de infantilidade.