segunda-feira, 27 de agosto de 2012

(fdp) 1x01: Juiz X Juiz


 Porque todo juiz de futebol é um grandessíssimo...


(fdp) é a nova série nacional produzida pela HBO e que tem como missão mostrar a vida daquelas figuras tão amadas por todo torcedor de futebol: o juiz. Como esse esporte é definitivamente a paixão nacional, a aposta parece certa, embora o ângulo seja curioso e diferente, afinal, todo mundo que já foi a um estádio sabe que o juiz está ali mais para ser xingado do que para apitar a partida. É a válvula de escape e o bode expiatório para cada lance que sai errado e para cada gol perdido ou impedimento.

Só por isso já dá para notar o imenso potencial cômico que os bastidores da vida de um juiz de futebol poderiam trazer e, nesse sentido, a produção acerta em cheio. O grande problema de muitas séries nacionais que se propõem a trabalhar com viés humorístico é cair no chamado “humor Zorra Total”, amplamente rechaçado pelo público.

Em (fdp), no entanto, o texto acerta e proporciona muitos momentos engraçados, que surgem com naturalidade. O uso liberado de bons palavrões também ajuda. Há quem não goste, mas aqui eles casam perfeitamente com o tema. Além do mais, o Piloto traça um paralelo interessante entre o juiz de futebol e um juiz de Direito. A ironia da situação explorada no episódio é imensa e muito interessante.

O grande (fdp) da série é Juarez Gomes da Silva (Eucir de Souza), juiz de futebol que, depois “mandar uma bola na trave” (leia-se trair a mulher e transmitir uma DST para a coitada) recebe um cartão vermelho, sendo expulso de casa e praticamente proibido de ver o filho. É aí que começa aquela tradicional briga pela guarda do garoto, os advogados entram em campo e o juiz da Vara de Família é quem vai decidir quem vence essa. O problema é que o tal juiz é também Diretor Jurídico de um dos times que estão na final fictícia do Campeonato Paulista de 2012, o que deixa Juarez num grande dilema, já que a decisão sobre a guarda de Vini (Vitor Moretti) parece depender totalmente do resultado dessa partida.

As sequências em campo mostram diversas visões. Da torcida (que grita em coro “juiz, viado”), da cabine de imprensa com a narração esportiva da coisa toda e claro, a do trio de arbitragem. Juarez chega a torcer para que o 18 de Abril, adversário do favorito, Paulicéia, erre o gol, ciente do risco de desagradar ao outro juiz, que observa tudo com comentários precisos: “regra é regra”. E se a regra é clara e faz o Paulicéia perder a final do Paulistão (com um pênalti no final do 2º tempo), nada mais justo e correto do que aplicar as regras também na audiência que decide quem fica com Vini e deixar o menino com a mãe, Manuela (Cynthia Falabella).

Aliás, vale ressaltar que o foco em Juarez fora de sua ‘profissão perigo’ é uma parte valiosa da série. A relação dele com Manuela rende boas cenas, inclusive porque muitos piadinhas, aparentemente jogadas, acabam ganhando boa amarração. Logo no começo vemos Juarez num programa esportivo cheio de “merchans”, sendo um deles do chocolate Cocoa. Ali mesmo, quando o apresentador diz, em off, para que ninguém coma aquela porcaria, cheio de honestidade, a intenção se cumpre, mas tudo melhora quando Juarez, esse grande (fdp), presenteia Manuela justamente com uma caixa do delicioso chocolate.

As conversas entre Juarez e o colegas de arbitragem também tem potencial para render e a parição da pessoa mais ofendida nos campos de futebol desse país mostra que nenhum elemento importante ficará de fora. Se alguém precisa de prova de que juiz de futebol tem mãe, (fdp) mostra que sim, elas existem e tentam se esconder da sociedade por motivos óbvios.

Com meia hora de duração e uma temporada de 13 episódios, (fdp) mostra que tem muito potencial para crescer e cair no gosto do público. O roteiro é bem estruturado e deixa a impressão de que sabe exatamente para onde vai levar a história. As atuações poderiam melhorar um pouco, mas esse tipo de “estranheza” é absolutamente normal em qualquer produção iniciante.

 A série é criação de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, usando como base ideias de Adriano Civita e Giuliano Cedroni. Na direção temos Kátia Lund, Caito Ortiz, Adriano Civita e Johnny Araújo. No elenco, além dos nomes já citados, estão Saulo Vasconcelos(Sérgio Balado), Paulo Tiefenthaler (Carvalhosa), Maria Cecília Audi (Rosali), Fernanda Franceschetto (Vitória), Adrian Verdaguer (Guzman), Walter Breda, Flavio Tolezani, Domingas Person, Chris Couto, Gustavo Machado(Rui Zwiebel) e Carlos Meceni (Ladislau Caponero).

P.S* Não, não precisa gostar ou entender de futebol para ver (fdp).

P.S* O primeiro episódio está disponível para todos, no site oficial da HBO: http://www.hbomax.tv/fdp/brasil
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Raquel Alves disse...

Vou ver hoje na reprise.

Vou fazer um comentário PNC agora, hahahaha...Lembrei de um comercial que passava a muito tempo atrás, que dizia: "Juiz é o juiz de direito, no futebol chama-se árbitro..."Deste então, eu nunca mais consegui chamar árbitro de juiz.