domingo, 7 de dezembro de 2014

Sons Of Anarchy 7x12: Red Rose


Sobre ser o que se é.

Só resta um episódio em nossa jornada de sete anos com Sons Of Anarchy. Essa é a constatação triste que precisamos fazer nesse momento e algo que se repete cada vez com mais raridade. São poucas as séries que estão nesse patamar de qualidade e que tem uma trajetória tão consistente, por isso, a despedida, nos próximos dias, tende a ser agridoce.

Até lá, no entanto, temos muito do que falar, já que esse penúltimo episódio traz muitas resoluções e deixa outras tantas preparadas para a Series Finale. Boa parte do tempo foi dedicada às questões territoriais e vimos de perto aquele caldeirão de acordos fervilhando, com os mais variados elementos: latinos, negros, asiáticos, nazistas, irlandeses e o próprio clube. Essa sempre foi a parte mais complicada de entender em Sons Of Anarchy, pelo menos à primeira vista. As mudanças são constantes e num piscar de olhos as alianças se desfazem ou surgem para nos surpreender.

O principal é que agora, a questão não é a vingança, mas consertar o que for possível, depois de tantos estragos desnecessários. A enxurrada de mortes continua, pois sem elas seria impossível criar um cenário ideal para o recomeço de tudo e é preciso estabelecer que Jax é um dos elementos que deve estar fora da jogada, caso contrário nada funcionará e seus esforços serão em vão.

Esse é o momento em que ele compreende, verdadeiramente, as palavras de seu pai e tudo indica que Jax caminha para um final bastante parecido. Para ele não existem mais limites de corrupção. Jax foi corroído até as entranhas por tudo o que o clube envolve e sua serenidade nos pontos mais críticos e emocionais dão a entender que o final da série será também o final da vida de Jax.

Esse pensamento vem de diversos fatores, dentre eles, o encontro final com Gemma. Se alguém esperava gritos e brigas se frustrou, mas a verdade é que nada mais restava a dizer e fazer. A relação fora destruída. Reduzida às cinzas. Um amor maternal tão grande que consumiu além dos limites. Gemma deu adeus ao pai e esperou por sua própria despedida entre as flores, numa cena que nos deu uma visão privilegiada de mãe e filho.

“Nós somos assim”, ela diz. E está tudo bem. Gemma educou Jax para agir exatamente dessa maneira e não esperava nada diferente. Entre os Teller, traição só se resolve com a morte do traidor e os pecados de Gemma eram grandes demais para serem ignorados. Confesso que não foi sem dor que vi a melhor personagem da série sucumbir. Torci para que Jax desistisse, mas era improvável. As rosas brancas se mancharam de vermelho com um tiro certeiro.

Essa era a cena mais esperada pelos fãs, sem dúvida. Minutos tensos e honestos que nos mostram o poder dessa história e as nuances desses personagens incríveis. Matar a mãe, no sentido figurado, tem muitos significados e o maior deles é a libertação. Jax teve que ser literal para alcançar essa liberdade e só temos mais um episódio para saber o que ele fará com essa carta na manga.

Como já disse, creio que ele caminha para o abismo. Está em paz com Wendy e nos mostra que vê em Nero uma espécie de “pai substituto” para Abel e Thomas. Tirou Unser da equação com frieza e facilidade e vai entrar em uma série de grandes brigas até que seja expulso do clube, por votação unânime. O que resta para ele senão a morte? Uma vida ordinária longe dali? Muito improvável. Não imagino Kurt Sutter escolhendo esse desfecho para Jax e ficando confortável com isso.

Com tudo isso, sabemos, apenas, que o episódio final será focado em Jax e no clube. Cada um dos sobreviventes – não há outro modo de chamá-los a essa altura – deve ter seu espaço e sua despedida. Jax, em suas movimentações nesse tabuleiro, está mexendo as peças para que ele, e apenas ele, pague pelos erros cometidos. Claro que não dá para descartar a morte de mais algum membro dos Sons, mas não sei de restariam homens suficientes para que a estrutura continuasse operante.


Nem mesmo Juice resistiu. E vejam bem, ele dançou com a morte por muitas temporadas até que, depois de dezenas de infortúnios, pode encontrar um fim sereno, pelo menos em face do que poderia ter acontecido. E nós sabemos que possibilidades piores, muito piores, existem.
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Fabiana disse...

Acho que a constatação mais difícil é de que o fim está próximo, mas também acho inevitável a morte de Jax, ao matar a mãe, ele fechou um ciclo e por mais trágico que isso possa soar, também a morte dela dessa forma era inevitável.
Engraçado o Jax precisar que o Juice mostre para ele que ela era a origem de todo o mal, tudo de pior que aconteceu nessas sete temporadas, foi causado por ela.
Engraçado, que num mundo tão machista como o dos motoclubes, a mente por trás de todas as ações seja uma mulher, é um paradoxo no mínimo interessante.
Sinto que o final será muito parecido com Breaking Bed, o mocinho foi ficando cada vez mais vilão e a morte é o final mais justo.
Quem viver verá!!
Muito ansiosa.
Fabiana