Alguém que entenda. Alguém que dê
suporte.
Grey’s Anatomy retoma sua rotina
de episódios e inicia 2015 com bom roteiro e boas atuações. Não chega a ser
exatamente uma surpresa, já que a temporada tem se mantido interessante desde
que começou, mas é sempre bom repetir os bons feitos da série e perceber que
ela sobrevive bem nos primeiros momentos pós Cristina, ao contrário do que
muita gente previa.
Com sua melhor amiga fora da
história, Meredith é a responsável por esse bom momento da trama e Ellen Pompeo
tem feito um bom trabalho de evolução da personagem. Deixamos para trás a Meredith
taciturna e confusa, para encontrar uma mulher que sabe o que quer, como mãe,
esposa e profissional. Ela tem seus momentos de dúvida como qualquer ser
humano, mas está madura para perceber o que é realmente valoroso na vida. Foi
isso que esse episódio nos mostrou. Meredith firme e dona de si, capaz de
pensar e reajustar os caminhos pelos quais tem que passar, a exemplo de sua
relação com Derek.
Há algum tempo, ela teria mandado
ele embora, corrido para Cristina e reclamado até nos exaurir. Agora não.
Meredith raciocina, entende, concede. Dizem por aí que vivemos tempos em que
relacionamentos são descartáveis e nos quais ninguém quer se comprometer com o
outro. Meredith provou com atitudes que está tentando fazer diferente, embora
ela saiba que esse tempo é importante para o casal e que cada um deles precisa
aprender a seguir suas carreiras sem ejetar a vida em família. Um grande
desafio que, acredito, veremos em Grey’s Anatomy a partir de agora.
Por incrível que pareça, o drama
vivido por Avery e April também está na medida. O modo como o casal enfrenta o
fato de que seu primeiro filho não sobreviverá ou terá uma vida dolorosa e difícil
é tocante. A reação de April foi emocionante e o desespero dele em querer
ajudá-la ainda mais. Não existe jeito fácil de tratar esse assunto e não existe
consolo para uma notícia como essa. O que existe é a parceria. Exatamente o que
Meredith deseja. Alguém que entenda e dê suporte. Avery faz exatamente isso e
April aceita isso quando pode conviver com o fato de que seu menininho não tem
chances de uma vida normal.
Deixando as rusgas de casais
completamente de lado, o roteiro também aposta na história da Drª Herman para
movimentar as coisas. Gosto da visão dela sobre a própria doença e seu destino
quase imutável. Ela quer certezas e sua decisão sobre operar o tumor é
arriscada, embora racional. Ela sabe que morrer é inevitável, mas ainda pode
ter algum tempo para fazer o que julga necessário. Para ela, se a cirurgia der
certo, será um bônus, mas ela não quer contar demais com isso, por motivos
óbvios.
É preciso dizer que esse episódio
teve ainda mais força com o caso da semana e a suspeita de que aquela mãe teria
tentado matar os filhos. Uma história difícil de engolir, mesmo na ficção, simplesmente
porque mães são sinônimos de proteção, nunca de ameaça. Os irmãos travessos
também fizeram a diferença e fiquei impressionada com o molequinho que mostrou
olhos marejados após levar aquela baita bronca de Bailey, essa mãezona - como
bem aponta Karev – que é mais um exemplo de mulher que, assim como Meredith,
procura por suporte para conseguir levar a vida em todas as formas.