Superheroes.
A equipe de Grey’s Anatomy
deve estar fazendo a pose dos super-heróis antes de gravar cada episódio dessa
temporada. Só isso justifica o fenômeno que estamos vivenciando nesse décimo
primeiro ano, em que episódio bom virou rotina para os fãs. Obviamente, essa é
apenas uma pequena brincadeira e uma forma de elogiar mais essa semana que teve
cenas emocionantes e momentos de pura reflexão. Sim, o episódio traz a
continuação das histórias que tanto esperamos para ver, mas acima de tudo,
estimula o pensamento sobre a responsabilidade do médico.
Sei que a série os coloca como
heróis, e eles são, afinal, o que Amelia fez na ficção é uma tarefa real para
os profissionais que encaram maratonas nas salas de cirurgia, mas no fundo,
eles são apenas humanos e meros mortais, como nós, passíveis de medos, dúvidas
e erros. Por demonstrar tudo isso é que Amelia ganha espaço. Ela não é
prepotente a ponto de se achar invencível. Pelo contrário. Ela encara o desafio
com coragem, mas mostra que precisa de outros. Nesse sentido, Stephanie foi uma
excelente alegoria de sidekick, ao lado da grande heroína o tempo todo... Menos
quando o cansaço vence por algumas horas.
Grey’s Anatomy foi muito feliz
ao criar a tensão no caso de Nicole. Mais ainda, foi feliz ao nos levar para
aquela sala de cirurgia por quase 18 horas e nos mostrar o que é estar ali e o
quanto salvar uma vida realmente envolve. Com essa sensibilidade, Richard
desponta com seu discurso de incentivo e prova para Amelia que ela é a pessoa
que mais precisa acreditar. Nunca achei que Derek seria chamado, mas o
surgimento desse ponto na trama era necessário. Foi o ponto de partida real
para o sucesso da cirurgia e para que Amelia entenda, de uma vez por todas, que
seu talento é real.
Sucesso, aliás, foi outro tema
de debate no episódio. Stephanie diz que elas “quase conseguiram”, mas o fato é
que se o objetivo era vencer a morte, ele se cumpriu. A felicidade de Nicole é
a maior prova disso. Perder a visão vai tirá-la da sala de cirurgia, mas a
coloca diante de outras situações e muitas descobertas. Nicole tem a atitude
que Arizona não teve ao perder sua perna. Nicole vê possibilidades. Nicole vê a
vida que a espera. Nicole vê, afinal, mesmo sem poder enxergar de verdade. Essa
é a beleza desse caso.
Arizona, por sua vez, ganha
também em confiança ao realizar o que muitos julgariam impossível na sala de
cirurgia. Eram dois casos de extremo risco acontecendo paralelamente e, em
ambos, personagens e público aprendem alguma coisa. Bailey e Karev desafiam
Arizona e querem levá-la pelo senso comum, mas isso é porque eles não sabem o
que ela sabe e procuram pela segurança. Fiquei esperando pelo momento em que
Arizona faria seu discurso de “cale a boca ou retire-se” e não me decepcionei.
Vale dizer que Callie, em seu apoio sutil à Arizona, também comove.
O mesmo vale para Meredith. Um
apoio seguro para Amelia num momento crítico da cirurgia. Imagino que essa
ousadia de aplicar a radiação sem estar protegida vá causar desdobramentos,
então paguemos para ver. Nessa temporada, está valendo muito a pena.