sábado, 7 de maio de 2016

Grey's Anatomy 12x22: Mama Tried



A mulher em xeque.
Que Grey's Anatomyestá fazendo uma 12ª temporada exemplar todo mundo sabe. Que a série é uma das produções que mais feministas da TV, também. Pois o episódio Mama Tried é exemplar como a temporada vem sendo e feminista como só Grey's sabe ser. Um roteiro que merece todos os elogios, atuações belíssimas e o resultado é muito mais que um episódio de série, mas uma aula sobre como a mulher é vista e tratada pela sociedade, de forma geral.


Usar Callie e Arizona (#rememberCalzona) é perfeito para este fim, porque temos duas mulheres fortes e independentes, cada uma de seu jeito. Mães e profissionais que não deixam de lado a chance de terem tempo para elas mesmas, tempo para uma vida completa, em todos os sentidos. Em comum, depois da separação e dos dramas vividos por elas (e por nós), essas duas mulheres têm Sofia. A discussão sobre Arizona ser ou não mãe da menina por não ter laços de sangue vou ignorar, pois a conclusão é óbvia: sim, ela é mãe de Sofia tanto quanto Callie e tem, portanto, os mesmos direitos.

Partindo daí, a decisão judicial precisa ser tomada apenas com base no que é melhor para a criança e, pelos depoimentos de Meredith (principalmente), Richard, Owen, Bailey e DeLucca, tudo estava muito claro: ficar em Seattle, onde está tudo o que Sofia conhece e ama, seria o melhor. É por isso que não fiquei surpresa com o resultado. Por isso e porque, em certo ponto, passei a torcer por Arizona, depois de tantos ataques sem propósito usado pela defesa de Callie.

Foi como se Arizona estivesse sentada no banco dos réus e representasse cada mulher desse planeta. Não existe, no mundo, e creio que não existirá por muito tempo ainda, uma única de nós a não ouvir e sentir na pele tais julgamentos. Para nossa sociedade, se você ousa ser mãe e ter uma vida para chamar de sua que saia da dedicação ao rebento durante 24 horas do dia, vão dizer que você é uma péssima mãe, que não serve para isso, que precisa se "doar" (leia-se anular) mais. E o pior é que você vai ouvir isso de outras mulheres, da sua família, dos seus amigos e você vai passar a sentir que essa é a realidade, que é isso que você deveria fazer.

Estamos trabalhando para melhorar isso, para quebrar essa parede de ideias arcaicas sobre o papel da mulher e para tirar de dentro de nós o sentimento de culpa. Foi lindo ouvir Bailey dizer: você questionaria esse comportamento em um homem? A resposta é a mais óbvia: claro que não. Mas Arizona, que tem sim, uma agenda complicada e com imprevistos, que sai com os amigos para se divertir, beber e quem sabe, encontrar alguém bacana, foi colocada em xeque. Não somente a personagem, mas a figura feminina.

E o mais lindo foi vê-la corajosa. Não se intimidou e não se diminui diante das acusações e quando precisou sair e ser a profissional que ela se preparou para ser, ela não pensou duas vezes. Aplaudi daqui o que a série colocou na trama com maestria. E aplaudo na vida real quem, todos os dias, desconstrói um pouco esse monte de obrigações malucas que colocam para a mulher.

Arizona agiu de acordo. Não questionou o fato de Callie agir praticamente da mesma forma na vida, embora eu tenha detestado o modo como Penny foi massacrada. Mesmo adorando Callie, não sou capaz de dizer que não gostei do resultado. Pelo menos na ficção (e quem sabe cada vez mais na vida real), o julgamento foi correto e sem preconceitos embutidos.

Com um trama tão boa no tribunal, o resto do episódio foi praticamente apenas para nos dar um pouco de respiro. Foi boa a continuação do caso da gravidez da adolescente trapalhona (eita menina pra ir parar no hospital!), servindo também de apoio para Arizona.

O arrependimento de Stephanie, no entanto, carece de emoção. Continuo não comprando o envolvimento dela com aquele cara e tudo parece meio artificial. Pelo menos ela está aprendendo que não precisa descartar as pessoas para seguir sua carreira de cirurgiã. Terminar  via mensagem de texto só por perder a chance de estar em UMA cirurgia é o cúmulo do egoísmo e da cegueira emocional.

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